JESUS RESSUSCITADO ESTÁ VIVO NA COMUNIDADE


11/04/2010 - 2° Domingo da Páscoa

São João 20: 19-31


O capítulo 20, do qual se extrai o recorte de hoje, compreende a narrativa do túmulo vazio e aparição do Ressuscitado a Maria Madalena (vs. 1-18, onde os discípulos ficam na dependência do testemunho apostólico da M. Madalena), a aparição aos discípulos e o envio da Igreja ao mundo (19-23), e aparição a Tomé.

Vs. 19ss. - No recorte para hoje, o Jesus ressuscitado envia sua Igreja ao mundo. Entre a paz que o Ressurreto comunica e o sopro do Espírito Santo está a função do mesmo de não apenas levar adiante a missão de Jesus, mas também de levar a Igreja ao aprofundamento da memória seletiva do Evangelho, para que isso se reverta em missão – “Jesus fez muitos outros sinais que não estão aqui, estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus Cristo é o Filho de Deus” (vs. 30-31).

“A paz seja convosco” ressoa a promessa de Jesus após anunciar a chegada de sua hora, na ceia com o lava-pés - “deixo-vos a paz” (14.27), no contexto da promessa do Espírito Santo (vs. 26). Essa paz é dada à comunidade que enfrenta o relacionamento difícil com o mundo que a cerca. Esse mundo que a odeia não é o universo criado, mas o mundo que confronta a comunidade joanina (15.18-25). Essa paz conhece a vitória do amor doador (“Deus amou o mundo” - 3.15ss), e com esse amor Jesus amou-os inesgotavelmente e inteiramente (13.1), sinalizando o gesto de amor ao seu traidor e expresso no novo mandamento (vs. 34). Ligando esse amor doador, reconciliador, libertador e curador (que cura as feridas.) com o perdão dospecados (20.23) podemos perceber que a paz que o Ressuscitado nos oferece é fruto
do amor visto nessa perspectiva da obra de Deus em Cristo que o Espírito Santo nos lembra. Então, a comunidade deve viver o perdão e de acolhida como sinais do Espírito. Isso é precondição da obra missionária. É preciso nos libertar de nossa visão “programada” dos sinais do Espírito Santo que sempre nos levam a identifica-los com as coisas extraordinárias esporádicas, deixando de lado os sinais naquelas coisas que expressam e edificam a humanidade de Jesus voltada ao Pai e às pessoas, em nós e noutros, o clamor pelo Abba-Pai e conseqüente a fraternidade em paz e amor, (ver Rm 8.15,26; Gl 4.6; 5.22; Lc 22.42; 23.46).

É bom observar que o envio da Igreja traz a ressonância da oração de Jesus (17.18) no sentido de que a missão é de Deus em Cristo no poder do Espírito Santo, não no sentido de que cruzemos os braços como alguns entenderam quando se referia à missão de Deus. A missão é de Deus Trino. Dele vem o poder e a direção e temos a graça de ter parte nela. A Páscoa é a quadra do ano cristão em que a ação de graça e louvor a Deus pela ressurreição de Cristo se torne em movimento que envolve mais e mais gente nesse louvor. (ST)

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