O PROBLEMA DO DOM DE LÍNGUAS - PARTE VII


Por Heitor Alves

Introdução ao Dom de línguas em 1 Coríntios.

Agora passemos a analisar o dom de línguas em 1 Coríntios 12-14. É bom deixar registrado que Paulo não dá um acentuado valor ao dom de línguas como dão os pentecostais e neopentecostais. Das treze cartas escritas, Paulo só falou do dom de línguas em apenas uma única carta. Tá certo que os pentecostais não vão gostar disso, mas a verdade é que Paulo tratava o dom de línguas como um papel de menor importância no Novo Testamento. Os (neo)pentecostais deveriam ter o mesmo conceito do apóstolo!

Os pentecostais insistem que o dom de línguas mencionados em 1 Coríntios 12.8-10,28 ainda subsiste na igreja de hoje. Mas já de antemão, devemos nos lembrar que a discussão de Paulo sobre as línguas em 1 Coríntios não pode ser usada para provar que a glossolalia é a evidência indispensável de que alguém tem recebido o batismo do Espírito Santo. Não há a menor indicação de que o dom de línguas esteja associado com a plenitude do Espírito Santo, tendo em vista os problemas de ordem espiritual que os coríntios viviam. Segundo o pentecostal Carl Brumback, o dom de línguas em Coríntio não tem nada a ver com o ser cheios do Espírito. Portanto, de acordo com ele, não se pode provar em Coríntios que a glossolalia é a evidência do batismo do Espírito. A defesa do dom de línguas sustentar-se-á ou fracassará apenas com base naquilo que consta no livro de Atos.

O mais curioso em estudar o dom de línguas na igreja de Coríntios é, em primeiro lugar, observar como era a igreja de Coríntios. Essa igreja era problemática. Essa igreja causou mais dores de cabeça e quebrantamentos de coração em Paulo do que qualquer outra igreja. Divisões e disputas, tolerãncia diante de pecados da imoralidade, apresentação de juizos públicos contra outro irmão, tentação de cair em idolatria ao comer carne oferecida aos ídolos, abusos na Ceia do Senhor e a negação da ressurreição do corpo. Este era o cenário de uma igreja batante “espiritual” com seus dons! Coríntios é a prova cabal de que a manifestação do dom de línguas não é prova de crescimento espiritual.

Na lista de dons espirituais em 1Co 12.8-10,28, as línguas e a interpretação de línguas são mencionadas em último lugar. Esta posição é proposital, visto que os coríntios tratavam o dom de línguas como algo mais importante do que tudo! Já o apóstolo coloca-o em último lugar. E o mais interessante ainda é que as outras duas listas de dons e ofícios ministeriais (Efésios 4.11-12; Romanos 12.6-8), não se faz a mínima menção das línguas.

Depois desta pequena introdução, os próximos posts tratarão com mais detalhes os dons de línguas em 1 Coríntios.


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