06 de Janeiro de 2011 - Epifania do Nosso Senhor Jesus Cristo



O termo Epifania provém do grego e significa “manifestar- se, mostrar-se, entrada pública e notória” e referia-se à primeira entrada de um monarca na cidade ou à aparição de um deus. Com esse termo, os cristãos do Oriente (onde nasceu a festa) designavam o aparecimento de Jesus na carne. Também esta festa é substitutiva das celebrações do solstício de inverno no Egito e no Oriente. Quando a festa chegou a Roma, mudou de sentido, e em vez de lembrar o Natal, passou a expressar a manifestação de Cristo aos gentios, simbolizados pelos três sábios de Oriente, representantes de toda a humanidade (daí as diferentes características étnicas dos sábios) e reteve o simbolismo da luz (a estrela que guiou os sábios). A Coleta e o Prefácio da Epifania de nosso LOC ainda falam dessa característica.

O sentido teológico da festa da Epifania é apontar para a universalidade da salvação em Cristo, para uma Igreja missionária que é como um sinal levantado sobre a humanidade para levar até Cristo os filhos dispersos de Deus.

A data da Epifania é fixa: sempre no dia 6 de janeiro, e a cor tradicionalmente usada nas celebrações é o branco.

Com esta festa inaugura-se a quadra ou tempo de Epifania, cuja extensão é variável, já que seu fim depende do início da Quaresma, e sua extensão pode oscilar entre cinco e nove domingos. No último domingo, seja qual for a duração do tempo e o ano do ciclo trienal, é lido no Evangelho a milagre da Transfiguração do Senhor, exceto no ano em que a festa da Transfiguração cai em um domingo.

Ao contrário de outras Igrejas que eliminaram esta quadra de seu calendário iniciando nele seu Tempo Ordinário ou Comum (Igreja Romana, por exemplo), os anglicanos continuam preservando esse tempo especial, e desde o LOC de 1549 a festa e o tempo serviam na visão do Arcebispo Cranmer para três propósitos:

a) dar graças a Deus por admitir toda a humanidade aos privilégios antes reservados aos judeus e expresso no aviso dado aos sábios de Oriente do nascimento do Salvador;

b) a manifestação da Trindade no Batismo de Jesus (celebrado no primeiro domingo depois da Epifania);

c) a manifestação da divindade de Jesus através de seus primeiras milagres.

Esses três propósitos continuam vigentes na seqüência dos Evangelhos nos ciclos de leituras dominicais (A-B-C) de nosso LOC.

A quadra da Epifania inclui a festa da Apresentação de Jesus no Templo de Jerusalém, que antes tinha um acento notadamente mariano (Festa da Purificação de Maria) mas que é vista agora como uma festa de Jesus: a primeira entrada do Verbo Encarnado no templo de seu Pai. Com essa festa encerram-se as manifestações públicas de Jesus dentro do grande ciclo natalino: Natal, Santos Reis e Apresentação.

Quanto às cores, duas são usadas nessa quadra: branco e verde. O branco é usado sempre no dia 6 de janeiro e no primeiro domingo, chamado também “do Batismo do Senhor”. Daí em diante, até o fim da quadra, não existe consenso nas Igrejas da comunhão, existindo três grandes tradições:

a) usar o verde desde o 3° domingo da quadra da Epifania até o fim da mesma;

b) usar o branco ao longo de toda a quadra;

c) usar o branco até a festa da Apresentação do Senhor no Templo de Jerusalém, e daí em diante usar o verde.

As igrejas fazem suas opções, conforme suas visões litúrgicas.


Fonte: O Pão da Vida, Comentários ao Lecionário Anglicano, Ano A, 2007, pág. 375 376 - Revdo. Enrique Illarze, liturgista


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