LEMBREMOS DO RIO, MAS NÃO VAMOS ESQUECER DE PALMARES, BARREIROS...


Sete meses depois, Palmares ainda mostra muita destruição




Por Dilson Oliveira


Nos últimos dias não se fala em outra coisa, se não na tragédia da região serrana do Rio de Janeiro, onde até esta terça-feira 18, o número oficial de mortes já chegava a quase 800. A maior tragédia natural já vista no Brasil, arrasou com cidades turísticas como Teresópolis, Nova Friburgo e Petrópolis.

As cenas que estamos vendo a cada momento pela TV, choca qualquer ser humano, pelo tamanho da devastação promovida pela própria natureza, através da fúria das águas e da lama. Carros, casas, pontes, ruas que desapareceram, vidas que se foram e que não voltam mais, tamanho a dimensão da tragédia.

Encontrar culpados agora, talvez não resolva muita coisa. As vidas não voltarão, infelizmente. Se há algum tempo tivéssemos alguma ação de prevenção, hoje não teríamos tanta coisa a lamentar. Pobres e ricos, perderam tudo, a natureza não poupou ninguém e hoje o que observamos é o clima de comoção nacional e até mundial, com doações chegando de todos os lugares. A bola da vez é o Rio de Janeiro.

Enquanto isso, aqui, bem pertinho de nós, na zona da mata sul pernambucana, muita gente passou por toda essa situação há bem pouco tempo. Moradores de Palmares, Catende, Água Preta, e Barreiros, só pra citar algumas das cidades atingidas, perderam tudo que tinham com as enchentes do mês de junho passado.

E o pior: ainda hoje, sete meses depois, muita gente vive em situação sub-humana, sem casa, sem comida, sem agasalho, sem emprego, e ao relento, esperando as ações do governo. Estas ações caminham a passos de tartaruga, quase parando. O povo mora em barracas improvisadas, enquanto que a construção das casas prometidas pelo governo em alguns lugares, sequer começou.

E o pior é que muitos vivem agora sob tortura psicológica, pressionados a deixar o local onde estão, com a alegação de que se assim não fizerem perderão um auxílio-moradia de R$ 150. No olhar do governo, com essa fortuna dá pra viver bem, e em local digno.

Como se não bastasse, as doações praticamente já não existem mais. Falta água mineral, falta comida, falta dignidade a todo esse povo. É bom então que lembremos do Rio de Janeiro. Que possamos ajudar os nossos irmãos fluminenses, mas que não esqueçamos dos nossos irmãos pernambucanos.

Pois aqui ainda existe muita fome, muita sede, muito frio, e sobra injustiça, com quem perdeu tudo que tinha, porque morava na beira do rio, não porque gostava; mas sim porque não tinha outro lugar para onde ir.


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