O BATISMO INFANTIL - PARTE V: A IGREJA DO NOVO TESTAMENTO É IGUAL Á IGREJA DO ANTIGO TESTAMENTO


Há quem afirme que a Igreja é uma novidade no Novo Testamento. Mas ela não é nova, mas é a mesma Igreja do Antigo Testamento. É a mesma oliveira (Rm 11.16,17). A Igreja do NT fundamenta-se no mesmo pacto a que a Igreja do AT foi fundamentada, o pacto de Deus feito com Abraão. Tendo a mesma fundamentação, conclui-se que uma e outra nada mais é do que a mesma Igreja.

Deus entrou em pacto com Abraão. No pacto, Abraão teria um filho com quase cem anos de idade. Neste mesmo pacto, Deus prometeu que os descendentes de Abraão, através de Isaque, seriam tão numerosos como as estrelas do céu; que lhes daria a terra de Canaã por posse; que Ele seria o Seu Deus nacional, e que os hebreus, como nação, seriam seu povo peculiar. Além disso, prometeu ao patriarca que em sua semente todas as nações da terra seriam abençoadas. Mas esta semente não significava os descendentes coletivamente, mas significava uma unica pessoa, Cristo (Gl 3.16).

A bênção prometida era a bênção da redenção através de Cristo. A promessa feita a Abraão era o evangelho. É o anúncio do plano de salvação através de Cristo e a oferta de salvação a todo aquele que crê. Este evangelho foi pregado antes de Abraão. Os hebreus piedosos são descritos como aqueles que esperavam em Cristo antes de seu advento (Ef 1.12). Essa promessa de redenção feita a Abraão foi aquela que diz Paulo, "nossas doze tribos, servindo a Deus fervorosamente de noite e de dia, almejam alcançar" (At 26.7). Esta promessa é a mesma promessa na qual nós confiamos. A condição de todas essas promessas era a fé. Isso é ensinada em Romanos 4 e em Gálatas 3. Abraão creu na promessa do nascimento de Isaque (Rm 4.19,20); os descendentes que creram nas promessas de bênçãos nacionais receberam essas bênçãos; os que creram na promessa da redenção através de Cristo foram feitos participantes dessa redenção.

Essa é, pois, a natureza do pacto feito com Abraão. No que diz respeito a seu elemento essencial, ele está ainda em vigor. É o pacto da graça sob o qual estamos vivendo e sob o qual a Igreja está agora alicerçada. Ninguém pode duvidar disso. A promessa é a mesma. Paulo afirma que a bênção prometida a Abraão chegou até nós (Gl 3.14). A promessa pela qual as doze tribos

Uma vez que a promessa é a mesma, a condição também é a mesma. Paulo argumenta dizendo que os homens agora seriam justificados pela fé, porque Abraão foi assim justificado. É dito que os cristãos são filhos ou herdeiros de Abraão, porque a fé na promessa da redenção assegura a redenção deles, exatamente como a fé na mesma promessa assegurou a justificação de Abraão. É por isso que Paulo afirma: "E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa" (Gl 3.29).

A doutrina que diz que a Igreja descansa sobre o pacto abraâmico, que o plano da salvação revelado no evangelho foi revelado a Abraão e aos demais santos do Antigo Testamento, e que esses foram salvos precisamente como são salvos os homens desde o advento de Cristo, pela fé na semente prometida, não é um evento humano imprevisível, ou algo acidental. Está elaborada na própria substância do evangelho. O mesmo sangue que Cristo derramou sobre a igreja é, precisamente o mesmo sangue que ele derramou para perdão das transgressões que havia sob a primeira aliança (Hb 9.15).

Paulo declara que o evangelho que ele pregava já havia sido ensinado na lei e nos profetas (Rm 3.21). Ele diz aos gentios que eles foram enxertados na antiga oliveira (e não numa nova oliveira) e feitos participantes de sua raiz e abundância.

Com tudo isso em mente, concluímos que Deus nunca teve em mente duas igrejas diferentes, senão uma só igreja no mundo. Fica claro, agora, a estreita relação que a circuncisão tem com o batismo. É impossível falarmos da promessa da salvação a Abraão e aos seus descendentes, e a estreita relação que isso tem com os crentes do Novo Testamento, sem falarmos do lugar que a circuncisão tem para esta promessa a Abraão e o lugar que o batismo ocupa com relação a esta mesma promessa para os crentes do Novo Testamento.

Por isso que defendo que, antes de falarmos de batismo, seja ele infantil ou não, é preciso, antes, que se defina o conceito de igreja e sua relação com o antigo povo de Israel.

Estando definido a relação existente entre a Igreja do NT e a Igreja do AT, não apenas isso, mas também a sua continuidade, é inevitável que se conclua também que os termos de admissão na Igreja do Antigo Testamento são os mesmos que são exigidos para a admissão da Igreja do Novo Testamento. Mas isso é assunto para o próximo post da série. Até lá.


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