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Fundada há 63 anos, atualmente a Casa presta serviços para cerca de 90 idosos, com idades a partir de 60 anos, e cinco adultos com problemas mentais

Pedro Augusto

Apesar do tão aclamado crescimento econômico, educacional e populacional de Caruaru, um problema antigo e que, por muitas vezes, passa despercebido, ainda teima em correr na contramão dos avanços da "nova terra das oportunidades do Estado". Enquanto os caruaruenses observam as máquinas trabalhando nas ruas e avenidas do município, fazendo jus ao tão perseguido progresso, instituições filantrópicas tentam "enganar" diariamente a realidade para manter viva na prática uma palavra que geralmente não é muito pronunciada por muitos: a solidariedade. É com este sentimento que vários abnegados de Caruaru oferecem, através da manutenção da Casa dos Pobres, um fim de vida digno e sereno para os nossos antigos e esquecidos filhos da terra.

Hoje, cansados, aposentados e velhos, os agora componentes da Casa poderiam ser chamados também de privilegiados. Por que não? Afinal, com quase 154 anos de história, a Capital do Agreste possui atualmente poucos espaços como esse para comportar os integrantes da boa idade. Em contrapartida, a procura por vagas na entidade, assim como os índices econômicos de Caruaru, tem crescido a cada ano. De acordo com informações do diretor administrativo da Casa dos Pobres, Adelino Salomão, até o fechamento desta matéria, pelo menos 40 pessoas aguardavam na lista de espera por uma vaga na instituição. A justificativa para não atender a toda essa demanda já é uma velha conhecida da população: a ausência de recursos financeiros.

Fundada há 63 anos, atualmente a Casa presta serviços para cerca de 90 idosos, com idades a partir de 60 anos, e cinco adultos com problemas mentais. A receita da instituição provém da arrecadação dos aluguéis das lojinhas que atuam no entorno da mesma, como também de doações de voluntários. Além disso, a entidade ainda possui aproximadamente 1.300 contribuintes e desconta 60% dos valores das aposentadorias dos internos para a manutenção dos serviços. Alguém pode até imaginar que a junção de todas essas atividades deve gerar um bom dinheiro para a instituição. Não é? Mas, na verdade, ainda não é o suficiente. Na prática, como o seu próprio nome diz: a Casa ainda é dos Pobres.

"Com muito esforço prestamos total assistência aos internos. Ou seja, eles têm direito a acompanhamento médico e alimentação. Também não poderíamos deixar de lembrar que promovemos várias atividades de lazer. Graças a Deus que estamos conseguindo manter a Casa, mas gostaríamos de oferecer um atendimento melhor. Para se ter uma ideia, o espaço possui capacidade para 100 internos, porém, como não contamos com recursos suficientes, não ampliamos o quadro", explica Adelino. Hoje a Casa possui 36 funcionários, entre médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, assistentes sociais, auxiliares de enfermagem, cozinheiros e motoristas.

O diretor faz um apelo para os leitores do Jornal VANGUARDA. "Apesar de ser privada, o local é totalmente voltado para ações filantrópicas. Então, necessitamos urgentemente de apoio. Desde a última gestão que existe um projeto na PMC que estabelece a mudança da Casa para uma infraestrutura melhor. Já o atual espaço seria utilizado para fins comerciais. Assim, poderíamos utilizar o montante arrecadado para prestarmos serviços para pelo menos 200 internos. Mas, infelizmente, esse projeto ainda não foi aprovado. Enquanto isso, a prefeitura procura ajudar através da doação de medicamentos. Também recebemos o apoio dos profissionais da Policlínica da Terceira Idade.

Famílias não têm condições de cuidar

Se a Casa não estivesse em pleno funcionamento, a situação dos idosos de baixa renda de Caruaru seria ainda bem pior. "Creio que a realidade ficaria um pouco mais difícil, até porque muitas famílias não possuem condições financeiras de cuidar de seus parentes da terceira idade. Assim, por muitas vezes, eles acabam sendo maltratados e abandonados nas ruas. Por isso que a Casa dos Pobres exerce um papel muito importante na cidade, pois absorve e presta toda a assistência necessária para essa demanda", complementa Adelino Salomão.

ELOGIOS

Depois de morar por vários anos na residência do filho, Sebastião Nery, 72 anos, foi internado na Casa dos Pobres. Apesar da saudade da família, ele não poupa elogios para a instituição. "É claro que gostaria de estar convivendo com os meus familiares, pois tenho muita saudade deles. Mas aqui também é bom. Conheci algumas pessoas que já se tornaram amigas e recebo toda assistência. Por enquanto que não volto para casa do meu filho, vou aproveitar ao máximo a companhia dos meus novos amigos", comentou.

Embora ainda planeje voltar para a sua residência, Lêda Ramos, 82 anos, também vem se adaptando aos serviços da Casa. "A comida é boa, os profissionais são prestativos e os colegas costumam ajudar uns os outros. Mas a saudade de casa é muito grande. Por isso, pretendo retornar um dia para o meu cantinho", revela. Doações para a Casa dos Pobres podem ser feitas através da conta corrente 1400-1 / agência 159-7 (Banco do Brasil). Mais informações: 3721-4325.


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